Sunday, January 18, 2009

A Copa e a Minivan


A Copa e a Minivan

Esse episódio ocorreu em 1994 durante a Copa do Mundo dos Estados Unidos. Naquela época estava morando com o meu irmão José Luiz, ou Gôs como todos nós o chamamos, e sua família nos EUA onde completava o meu mestrado em Bowling Green, Ohio.

Durante a Copa fomos assistir a 4 jogos ao vivo em Detroit, no Silver Dome, o primeiro estádio totalmete coberto a abrigar jogos de Copa do Mundo. O último dos 4 jogos foi entre Brasil e Suécia. Para este jogo veio toda a família do Brasil. Fomos os 3 filhos homens e o Papai ao estádio ver um jogo, que apesar de não ter sido muito bom marcou muito por ter sido um jogo do Brasil em Copa do Mundo e ainda mais com a Família. Essa viagem teve até peneu furado, mas isso é assunto para outra estória.

Depois deste jogo a família foi toda a Chicago em uma Minivan alugada. Eram 9 pessoas na Minivan, com direito a paradas em McDonalds e postos de gasolina para o estratégico “pip-stop” familiar. Neste meio tempo a Copa continuava, eu sempre assistindo do hotel. O Papai comprou uma TV Branco e Preto de 5 polegadas e que podia ser plugada no carro. Foi assim que assisti a Itália eliminar a Nigéria com um gol no fim do jogo e outro na prorrogação.

Bom, a Família voltou ao Brasil de Chicago e eu, o Gôs e a família voltamos de minivan para Ohio. Este foi o mesmo dia do jogo entre Brasil e Holanda em Dallas. O jogo começou quando ainda estávamos no aeroporto O’Hare em Chicago. O primeiro tempo terminou 0X0 e nós, com a confusão da partida da família, não pudemos assistir a quase nada, a não ser alguns lances pelas TVs do aeroporto que passavam o jogo ao vivo.

Entramos no carro e eu fiquei pilotando a televisão enquanto o Gôs guiava a tal minivan. O segundo tempo foi emocionante. Bam, 1X0 gol de Bebeto, 2X0 gol de Romário. Tá no papo, dissemos um para o outro. O Brasil só tinha tomado um gol durante os outros 4 jogos, não seria hoje que iria tomar 3. Ou seria? Bum, gol da Holanda, outro gol da Holanda.

Olhei para o lado e as mãos do Gôs pingavam enquanto ele guiava. Estávamos os 2 muito nervosos na Interestadual em Indiana. Tão nervosos que a Kathy, esposa do Gôs, sugeriu que parássemos a minivan no acostamento e assistíssemos os minutos finais ali mesmo. Eu disse a frase “já vi este filme antes” em referência as 5 Copas em que tinha visto o Brasil vair sem sucesso.

Mas na telinha da TV branco e preto o Brasil, de camisa mais escura (claro que eu sabia que era azul) vai pro ataque. Branco, o único jogador catimbeiro do time, pega a bola e arranca pela esquerda. O Overmars, jogador mais rápido da Holanda está atrás dele. Sentindo que vai perder na corrida, Branco solta o cotovelo no Overmars e se joga no chão. Falta para o Brasil a uns 30 metros do gol. Durante toda a Copa o Brasil não tinha feito nenhum gol de falta. Branco bate. A bola passa por trás do Romário, curva, bate no sopé da trave. Gol. Do Brasil. Este filme eu não tinha visto ainda...

Fim de jogo. As Mãos param de suar. Voltamos a guiar o carro e sentimos a ressaca da adrenalina. Resolvemos parar para comer alguma coisa pois estávamos todos com fome.

Este foi um dia inesqucível em uma Copa que o Brasil foi Campeão!

LDPA, 21 de Março de 2002

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